Embrapa cria feijão sem genes responsáveis pelos gases

Lançamento de variedade editada geneticamente pode ocorrer em até 10 anos Alimento básico em diversas culturas espalhadas pelo mundo, o feijão combate a anemia, fornece energia e contribui com a melhora da estrutura óssea do corpo humano pela presença de vitaminas e minerais na composição. Leia também Qual é o alimento mais consumido no Brasil? Novo feijão carioca demora mais para escurecer e promete caldo mais consistente Conheça 10 tipos de feijão e os benefícios do grão para a saúde No entanto, mesmo com tantos benefícios, pode causar gases e outros desconfortos abdominais após o consumo puro, com arroz ou outro acompanhamento. Pensando nisso, os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Arroz e Feijão), Josias Correa e Rosana Vianello, desenvolveram uma variedade do grão sem dois genes relacionados à produção de oligossacarídeos, carboidratos da família rafinose e responsáveis pelas flatulências. “No caso de características relacionadas à qualidade tecnológica e nutricional de grãos, a técnica emerge como uma importante ferramenta para editar genes específicos e, com isso, realizar um melhoramento de precisão, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento de variedades mais atrativas para produtores e consumidores”, explica Rosana. Após identificar os genes – rafinose e estaquiose –, a equipe conseguiu deixá-los inativos por meio da adaptação de ferramentas de edição gênica de sistemas CRISPR (Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, na tradução da sigla em inglês). O próximo passo é avançar na criação de plantas com os genes responsáveis pelos gases desativados. Esta etapa prevê ambiente controlado, plantio de sementes, crescimento, cultivo e colheita. O lançamento pode acontecer em um período de 5 a 10 anos. Pesquisadora Rosana Vianello da Embrapa Arroz e Feijão Rodrigo Peixoto/Embrapa Como preparar o feijão? Uma das opções para melhorar a digestão ao incluir o grão na alimentação diariamente é deixá-lo imerso em água de 4h a 6h antes do cozimento, afirma Berenice Giehl Zanetti, professora de gastronomia no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). “Não tem a necessidade de trocar a água durante esse processo. A leguminosa de molho já auxilia tanto para o cozimento como também para evitar o desconforto que pode gerar os gases. Colocar folha de louro na panela também ajuda”. O feijão não é o único alimento com o gene rafinose. Além dele, lentilha, repolho, brócolis, aspargo e couve-de-bruxelas possuem a substância que pode contribuir com o desconforto digestivo.