Preço do leite aumentou quase 19% em 2024; entenda os motivos
Média dos valores pagos ao produtor foi 2,4% maior que a verificada em 2023 O leite longa vida (UHT) foi destaque na inflação do grupo alimentação e bebidas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024, com incremento de 18,83% no ano. O levantamento foi divulgado nesta sexta-feira (10/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Leia também IPCA: por que o óleo de soja foi um dos 'campeões' da inflação em 2024 Café teve alta de quase 40% em 2024; entenda os motivos Carne fecha 2024 como vilã da inflação dos alimentos Um extenso período seco no Centro-Sul do Brasil, onde está grande parte da produção nacional de leite, afetou a captação da matéria-prima pelos laticínios e elevou os preços. A falta de chuvas prejudicou as pastagens nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, as três principais bacias leiteiras da região. E para o pecuarista? Se para o consumidor o cenário foi adverso, para os pecuaristas houve melhora, já que aumentou o preço pago pelo produto. Dados da Scot Consultoria mostram que 2024 se encerrou com a média de preços pagos ao produtor 2,4% maior que a verificada em 2023. "Ao longo do ano, o movimento das cotações ao produtor foi ascendente na maioria dos meses. Essa tendência altista ocorreu devido ao menor crescimento da oferta no campo, com o clima extremo que influenciou negativamente a atividade", afirmou a analista Juliana Pilla, da Scot, em relatório. Junto ao aumento na remuneração do pecuarista, os custos de produção caminharam de lado ao longo do ano, melhorando a margem. A alta no preço do leite, no entanto, não significa que todos os produtores lucraram, os mais atingidos pela estiagem foram prejudicados por um incremento maior nas despesas. A seca afeta a produtividade do rebanho e aumenta a necessidade de suplementação do alimento do gado. Expectativas A cadeia de produção de leite começa 2025 com a perspectiva de diminuição das importações e quadro climático mais favorável, o que anima laticínios e pecuaristas. O cenário é bem mais positivo do que o de anos anteriores, quando cresceram as compras de matéria-prima do exterior, especialmente de Argentina e Uruguai, e sucessivas estiagens em importantes Estados produtores reduziram a oferta de matéria-prima e afetaram a produtividade no campo. Não há previsão de grandes problemas climáticos para a atual temporada, até o momento. Com clima favorável, a produção nacional deve crescer, o que pode levar a recuo nos preços. Na avaliação do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat-RS), os preços já atingiram patamares máximos, dada a dificuldade de repasse para o consumidor final. Inflação O setor de alimentos e bebidas, que é o de maior peso no cálculo da inflação oficial do Brasil, foi o grande destaque de 2024 pela alta de preços. Carnes, café, leite, óleos e frutas foram os itens que mais subiram neste grupo, ajudando a impulsionar o resultado final do IPCA. Ao encerrar 2024 com alta de 4,83%, resultado geral do índice ficou acima do teto da meta da inflação para o ano. A meta era de 3%, com tolerância até 4,5%. O grupo de alimentação e bebidas foi o que teve a maior alta entre os componentes do índice em 2024, ao avançar 7,69% no acumulado do ano. Em 2023, o crescimento deste grupo havia sido de apenas 1,03% em 2023. A elevação desta categoria foi influenciado pela alta nos preços da alimentação no domicílio (8,23%). A inflação da alimentação fora do domicílio aumentou 6,29%. Entre os 16 sub-grupos de alimentos e bebidas consumidos nas casas dos brasileiros, houve queda em somente um, o de tubérculos, raízes e legumes, com redução de 21,17%. Farinhas, féculas e massas ficaram estáveis e todos os demais itens tiveram altas.
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