Área com agropecuária no cerrado aumentou 74% em 40 anos, aponta estudo

Área com agropecuária no cerrado aumentou 74% em 40 anos, aponta estudo

A área ocupada com agropecuária no Cerrado apresentou um aumento de 74% nos últimos 40 anos, atingindo 93,7 milhões de hectares em 2024. É o que aponta um levantamento feito pelo Mapbiomas feito a partir de mapas e dados sobre a cobertura vegetal do bioma, considerado o segundo maior do país. A agricultura respondeu pela maior parte dessa expansão, com um aumento de 533% entre 1985 e 2024, passando de 4,2 milhões de hectares para 26,3 milhões de hectares. A maior parte dessa área foi ocupada por lavouras temporárias, como soja, milho e outros grãos, cujo aumento foi de 21,6 milhões de hectares – o equivalente a 97,7% do total. Saiba-mais taboola Nesse mesmo período, o percentual de municípios do cerrado com predomínio da atividade agropecuária passou 42% para 58%, enquanto o percentual de cidades com mais de 80% de cobertura de vegetação nativa caiu de 37% para 16%. Atualmente, 24% dos municípios têm menos de 20% de vegetação nativa, segundo o levantamento. “O Cerrado vem sendo transformado em ritmo acelerado nas últimas quatro décadas. Com maior supressão da vegetação nativa entre 1985 e 1995 e depois nas décadas seguintes, a agricultura se expandiu e se intensificou, consolidando-se como região central da produção agrícola do país, principalmente para grãos”, observa, em nota, a analista de pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da equipe do Cerrado do Mapbiomas, Bárbara Costa. Com quase metade da vegetação nativa remanescente do bioma, a região do Matopiba, fronteira agrícola situada no encontro entre os Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, respondeu por 39% da perda líquida de vegetação nativa do cerrado desde 1985, o equivalente a 15,7 milhões de hectares. Ao todo, 1,5 milhão de hectares de vegetação nativa foram desmatados no Cerrado no último ano, sendo um milhão de hectares de vegetação primária e 500 mil hectares de vegetação secundária, segundo dados do Mapbiomas. Em quarenta anos, a perda de vegetação nativa do bioma foi de 40,5 milhões de hectares, segundo o levantamento.