Importação de trigo no Brasil deve crescer e atingir 7 milhões de toneladas

Importação de trigo no Brasil deve crescer e atingir 7 milhões de toneladas

A colheita da safra brasileira de trigo ainda está em andamento, mas com uma produção nacional reduzida e uma demanda interna elevada, a expectativa entre moinhos e analistas é de aumento das importações do cereal. Leia também São Paulo pode ter a maior safra de trigo dos últimos três anos Indústria de trigo acelera vendas para abrir espaço à nova safra No ano passado, as compras no exterior somaram 6,64 milhões de toneladas, conforme dados do Agrostat, sistema de informações do Ministério da Agricultura. Agora, a expectativa é de que alcancem 7 milhões de toneladas, volume que não é registrado desde 2013, segundo o Agrostat. Nelson Montagna, presidente da Câmara Setorial do Trigo do Estado de São Paulo e gerente de suprimentos do Moinho Anaconda, é um dos que estimam que as importações do cereal somarão 7 milhões de toneladas. O trader de trigo da CJ International Brasil, Douglas Araújo, também projeta que as compras no exterior vão atingir 7 milhões de toneladas, e afirma que a Argentina deve ampliar as vendas ao mercado brasileiro. A razão é que o país vizinho deve colher uma safra robusta, estimada em aproximadamente 20 milhões de toneladas, e tem preços considerados competitivos. Com isso, outros países não devem ter grande participação nas exportações para o Brasil. A projeção de Luiz Carlos Pacheco, analista da TF Consultoria Agroeconômica, é de uma importação de 6,7 milhões de toneladas, pouco acima de 2024. Segundo ele, a redução da área plantada no Brasil é um dos principais fatores para o avanço das importações. Initial plugin text Os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de setembro, mostram que a área de cultivo do trigo no Brasil caiu 19,9% em 2025 e que a produção deve diminuir 4,5%, para 7,536 milhões de toneladas. “Por mais que a produção ainda não esteja caindo tanto, a área está reduzindo bastante, e a expectativa é que ano que vem reduza mais. E em um ano que talvez a produtividade não seja tão alta, ficamos em uma situação complicada e com risco de abastecimento”, diz Paloma Venturelli, presidente do Moinho Globo, do Paraná. Segundo a executiva, a redução se deve, sobretudo, à queda dos preços, que desestimulou os produtores. Montagna, do Anaconda, acrescenta que a expectativa de uma safra global recorde reduz também a cotação no mercado doméstico. Pacheco, da TF Consultoria , observa que a colheita em curso no Brasil também contribui para a queda dos preços domésticos. Levantamento do Cepea/Esalq mostra que o trigo pão ou melhorador no Paraná registra queda de 8,80% no mês, para R$ 1.284,38. No Rio Grande do Sul, o trigo brando recua 4,40% no mês, para R$ 1.227,33 por tonelada, segundo o Cepea. Moinhos consultados pelo Valor relataram que a safra atual está favorável no país, e a qualidade do trigo brasileiro neste ano é considerada excepcional.