Redução de ‘mix’ de açúcar no Brasil eleva preços na bolsa de NY

O relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) sobre a produção da segunda quinzena de setembro confirmou o movimento em curso no Centro-Sul de redução do direcionamento da cana para a produção de açúcar, o que fez os preços da commodity registrarem alta ontem na bolsa de Nova York. Leia também Com açúcar em baixa, usinas de cana ‘viram a chave’ para o etanol Preço do açúcar cai no Brasil, mas vendas internas ainda remuneram mais que exportações Segundo a Unica, as usinas do Centro-Sul destinaram 51,2% do caldo da cana processada no período para a produção de açúcar, abaixo dos 53,5% registrados na primeira quinzena do mês. De acordo com Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da Unica, foi a terceira quinzena consecutiva em que o mix de produção voltado para o açúcar recuou. Nas usinas de São Paulo, o mix açucareiro caiu 2,5 pontos percentuais, e nos Estados do Centro-Oeste, 3,5 pontos percentuais. Segundo Rodrigues, esta tendência de retração mais intensa no Centro-Oeste reflete a menor atratividade relativa do adoçante naquela região e o maior estímulo para a produção de etanol nesses Estados. A redução do mix indica que as usinas estão diminuindo a oferta de açúcar ao mercado, o que sustentou as cotações no mercado internacional. Os contratos do açúcar demerara para entrega em março de 2026 fecharam ontem em alta de 0,7%, a 15,80 centavos de dólar a libra-peso. No entanto, para as usinas brasileiras, a remuneração do açúcar não subiu da mesma forma, já que o dólar caiu perante o real ontem — os contratos para março caíram 0,2%. Além disso, os preços em dólares continuam em patamares críticos para as usinas, já que ainda acumulam queda de quase 5% desde o início do mês. A produção de açúcar do Centro-Sul ainda está maior nesta safra do que na temporada passada, mas a diferença está diminuindo. Na segunda quinzena de setembro, a produção do Centro-Sul foi de 3,1 milhões de toneladas, um acréscimo de 10,8% na comparação anual, porém 13,6% menor do que o volume produzido na quinzena anterior. No acumulado da safra, o setor fabricou 33,5 milhões de toneladas de açúcar, um montante apenas 300 mil toneladas maior do que um ano atrás. O que está impedindo que a oferta da commodity seja maior é o baixo teor de sacarose. A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) do início da safra até o setembro está 3,63% menor, em 136,04 quilos por tonelada de cana processada. Além disso, no acumulado da safra, a moagem de cana está 15 milhões de toneladas menor, somando 490,9 milhões de toneladas.