Summit discutiu as oportunidades da transição para a agricultura regenerativa

Produzir de forma responsável, cuidar do solo, do meio ambiente e valorizar o produtor. Das soluções que vêm da terra, a agricultura regenerativa carrega esses compromissos e o Brasil tem papel estratégico nessa agenda. Para falar sobre o tema e discutir as boas práticas, o Summit de Agricultura Regenerativa, uma parceria entre Globo Rural e PepsiCo, reuniu mais de 200 produtores, pesquisadores, representantes do poder público e da indústria, em São Paulo. Abrindo o evento, Alex Carreteiro, presidente da PepsiCo, falou sobre a importância do sistema. “Essa é uma estratégia de sobrevivência do agro. Temos o dever de incentivar e valorizar práticas que regenerem o solo, aumentem a biodiversidade e preservem as fontes de água”, pontuou. Olhando para oportunidades e desafios da transição para a agricultura regenerativa, Kadigia Faccin, professora Fundação Dom Cabral, citou como grandes problemas a falta de acesso à assistência técnica e ao crédito. Nesse sentido, Ludmila Rattis, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) , ressaltou que o Plano Safra deveria ser mais alinhado aos pequenos produtores, mas reforçou o valor do Plano ABC. Alessandra Fajardo, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), também frisou a necessidade de mecanismos de incentivo. Em uma conversa sobre boas práticas no campo e na cadeia de valor, produtores dividiram suas experiências. Paula Curiacos, gestora da Fazenda Três Meninas Cafés Especiais, lembrou do processo que teve início há 10 anos com um investimento importante em agricultura regenerativa, mas que transformou o negócio de café, garantindo resiliência, produtividade e um produto de maior valor agregado. Já Rodrigo Ribeiro Cardoso, diretor da Agrícola Whermann, contou que o aprendizado veio da dor do cultivo intensivo do solo, e a solução partiu de testes para sanar o problema de enfraquecimento da terra. Do ponto de vista da indústria, Suelma Rosa, vice-presidente de Assuntos Corporativos da PepsiCo, ressaltou o papel da empresa com seu olhar sistêmico que agrega ciência, alianças com governos para construção de políticas públicas e mudanças no mercado. “É esse olhar integrado que faz com que possamos construir coletivamente as soluções mais permanentes que são necessárias para endereçar todos os desafios de segurança alimentar", disse Rosa. O evento teve ainda um debate sobre escalabilidade e o potencial do Brasil em impulsionar sua produção sustentável. Para Eduardo Cerri, do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON/USP), as mudanças do clima e a necessidade de aumentar a produção de alimentos são os principais desafios à prática regenerativa. Fabíola Zerbini, da Conexsus, trouxe o olhar para a agricultura familiar e os assentamentos, que carecem de apoio em tecnologia e acesso a crédito. Alex Carreteiro também destacou a importância de tecnologias como inteligência artificial para potencializar o trabalho do produtor e impulsionar essa agenda. Para o presidente da PepsiCo, a agricultura regenerativa não é uma tendência passageira, e sim o caminho para conciliar produtividade, preservação, segurança alimentar e segurança climática. “É a chance de posicionar o Brasil como uma potência agroindustrial do século 21.”

