TIM usa até crédito de ICMS para ampliar conectividade no campo

TIM usa até crédito de ICMS para ampliar conectividade no campo
Diante da perspectiva de piora das margens de diversos produtos agrícolas em 2026 e da diminuição da capacidade de investimento de muitos agentes do agro nacional, a TIM Brasil está apostando na flexibilização de modelos de negócio para ampliar sua cobertura de sinal nas áreas rurais do país. Initial plugin text Um dos exemplos de flexibilização foi o acordo que a TIM fechou com a Usina Santa Terezinha, em que a empresa sucroalcooleira utilizou créditos de ICMS no Paraná para investir em cerca de 40 torres e poder, com isso, oferecer sinal 4G em áreas de produção de cana-de-açúcar que abastecem suas usinas. As empresas fecharam o acordo neste ano. “A gente busca meios de fazer com que o produtor consiga (...) investir mesmo nesse momento de crise”, disse Alexandre Dal Forno, diretor de internet das coisas (IoT) da TIM, ao Valor, à margem de um evento da consultoria Datagro na semana passada. Para ele, nos investimentos em tecnologia, a perspectiva de redução dos ganhos dos produtores deve provocar dois movimentos distintos. Por um lado, os grupos que já tinham planos de investir na conectividade de suas lavouras, mas ainda não haviam tirado seus planos do papel nem foram afetados pelo momento adverso, devem acelerar a estratégia para capturar os benefícios. Já os produtores que já estão com alguma dificuldade para gerar caixa devem adiar seus planos, avaliou. Outra iniciativa em que a TIM aposta é sua parceria com a Orbia, marketplace do agronegócio controlada pela Bayer. Nessa parceria, lançada na edição mais recente da feira agrícola Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), o produtor pode usar seus pontos Orbia, acumulados a cada R$ 2 gastos na plataforma, em conectividade da TIM. Para este ano, Dal Forno acredita que a companhia conseguirá alcançar sua meta de ampliar sua área conectada no Brasil para 26 milhões de hectares. Para isso, a empresa terá que garantir a cobertura de 2,5 milhões de hectares nos próximos dois meses e meio, já que, até meados de outubro, a área conectada pela TIM nas áreas rurais do país somava 23,5 milhões de hectares. Desde o fim do ano passado para cá, a TIM ampliou sua área conectada em 3,5 milhões de hectares. Segundo o executivo, a empresa tem recebido muita demanda de empresas do setor sucroalcooleiro, que precisam de programas fortes de digitalização para controlar o fluxo de chegada da cana-de-açúcar em suas usinas, além de terem necessidade de antecipar eventuais dificuldades operacionais em campo e controlar operações à distância para melhorar a efetividade do manejo, entre outras vantagens. “O processo de corte, carregamento e transporte [de cana-de-açúcar] é um processo de logística que não pode parar. É 24 [horas] por sete [dias], de abril a outubro, praticamente. A conectividade traz uma grande vantagem para isso, porque se consegue ter informações em tempo real para decisões em tempo real”, explicou. Avanços na pecuária Um segmento que vem começando a buscar mais serviços de conectividade é a pecuária. Embora ainda esteja atrás na adoção de tecnologias, a atividade está à procura de mais soluções de conexão por causa das demandas por rastreabilidade do gado bovino e de tecnologias de rastreamento individual, com uso de brincos. Para essa demanda, a TIM aposta na tecnologia NB-IoT, que permite conectar vários dispositivos de forma concomitante e que tem baixo consumo de energia. Para Dal Forno, o maior desafio do agronegócio não é tecnológico, mas de processos. “As equipes do agro são muito analógicas. É preciso fazer a transformação de processos, de mentalidade de equipes”, defendeu. Por isso, avalia, o mais importante é que o produtor rural faça agora algum investimento, independentemente da tecnologia existente. “Se você ficar esperando a melhor tecnologia para começar [a investir em conectividade], você nunca vai colher os frutos. Tem que começar o mais rápido possível para já ter os processos. Quando a tecnologia chegar, aí o produtor vai ter os ganhos dela”, afirmou.