Verão 2025/2026: veja como será a estação no Brasil

Verão 2025/2026: veja como será a estação no Brasil

O verão começa neste domingo (21/12), às 12h03 (horário de Brasília), apresentando a combinação típica – e já conhecida – no Brasil: temperaturas que passam facilmente dos 30ºC, dias mais longos e maior frequência de temporais no fim da tarde. Clima para o verão 2025/26 O calor intenso é, sem dúvida, a principal marca da estação, mas a presença das chuvas também ganha destaque ao longo dos próximos 89 dias, até a chegada do outono, em 20 de março de 2026, explica Guilherme Borges, meteorologista da FieldPRO. Initial plugin text “O verão é uma estação fundamental para o regime de chuvas no país. Teremos mais precipitação em amplas áreas do Brasil, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste, Norte, Nordeste e parte do Sul, devido a uma atmosfera mais úmida e que favorece a instabilidade climática. Por isso, é considerada a estação mais chuvosa do ano”. Segundo o especialista, a elevação das temperaturas está diretamente ligada ao solstício de verão, fenômeno em que o sol atinge o ponto mais alto no céu e, consequentemente, aumenta a incidência de radiação solar no Hemisfério Sul. Com isso, os dias ficam mais longos e também quentes, favorecendo a formação de áreas de instabilidade. Na última temporada, em 2024/2025, o verão foi o sexto mais quente no Brasil desde 1961, conforme levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As temperaturas ficaram acima da média em grande parte do país, com destaque para o Rio Grande do Sul, que enfrentou três ondas de calor em um curto intervalo de tempo. Além das altas temperaturas, com máximas acima dos 40ºC, o período também foi marcado por volumes elevados de chuva entre os meses de dezembro e março, reforçando o padrão de instabilidade típico da estação. O verão terá ondas de calor? Por enquanto, os modelos meteorológicos em uso não indicam a formação do fenômeno, caracterizado quando as temperaturas máximas ficam 5°C ou mais acima da média por, no mínimo, cinco dias consecutivos, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). “Ainda não vemos esse cenário de forma consistente, porque a previsão de ondas de calor é de curto prazo. O que aparece com mais destaque para o verão são as Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), aquelas faixas de nebulosidade que se estendem da região Norte até o Sudeste. Elas devem ser o principal fator em termos de chuva ao longo da estação”. O meteorologista acrescenta que o padrão atmosférico tende a manter períodos mais frequentes de instabilidade, o que reduz o calor extremo. “As ondas de calor, neste momento, ficam em segundo plano”, diz. Saiba-mais taboola Como vai ser o clima em cada região? Sul A tendência é de chuva acima da média em áreas de Santa Catarina e do Paraná, condição influenciada pela passagem de frentes frias e pela atuação de sistemas de baixa pressão que se formarão no Paraguai. No Rio Grande do Sul, a precipitação deve variar entre dentro da média e ligeiramente acima, com maior destaque para a região central do Estado, incluindo a Campanha gaúcha, o oeste e o norte. Sudeste Assim como no Sul, a previsão indica um verão com volumes elevados de chuva no Sudeste, explica Guilherme Borges. “As frentes frias que avançam tendem a ficar estacionadas na região, favorecendo o transporte de umidade do Norte. Com isso, a tendência é de chuva acima da média em áreas de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro”. Em São Paulo, os volumes devem variar entre dentro da média e ligeiramente acima em grande parte do Estado. No entanto, no sudeste paulista, incluindo a capital, a expectativa é de chuvas entre a média e abaixo da média. Centro-Oeste Região que tradicionalmente registra volumes elevados de chuva nesta época do ano, o Centro-Oeste deve ter pancadas frequentes e bem distribuídas em Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal. A condição é favorecida pela atuação das frentes frias estacionadas no Sudeste e que concentram instabilidade. Em Mato Grosso do Sul, a previsão também indica volumes elevados e impulsionados, ainda, por sistemas de baixa pressão do Paraguai. Nordeste O destaque em relação às chuvas fica para a parte sul da Bahia, do Piauí e do Maranhão, com pancadas frequentes e volumes acima da média pela formação do canal de umidade entre o Norte e o Sudeste. No restante dos Estados, a tendência é de chuvas dentro da média ou ligeiramente acima. “O verão não é o período mais chuvoso no Nordeste. A época mais chuvosa, principalmente no litoral, norte e nordeste da região, é no outono, quando há uma migração mais efetiva da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)”, explica. Norte O verão na região será marcado por muitas pancadas de chuva, período conhecido como “inverno amazônico”. O destaque fica para Rondônia, sul do Amazonas, Acre e Pará, onde os volumes devem ser elevados. Esse fenômeno, que é característico do Norte, contribui para a elevação do nível dos rios e se estende até maio. O verão será muito quente? Na análise da estação como um todo, as regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste podem registrar temperaturas próximas ou até abaixo da média histórica, o que não significa frio. A explicação está na maior frequência de nebulosidade e nas pancadas de chuva, que limitam a elevação nos termômetros. No Nordeste, a previsão é de calor intenso ao longo do verão, com destaque para o interior. Já no Norte, as temperaturas devem permanecer dentro da média histórica mesmo em um período naturalmente mais quente. Isso ocorre pelo mesmo motivo observado no Centro-Sul: a nebulosidade. Olhando para a agricultura Para o meteorologista Celso Luis de Oliveira Filho, da Tempo OK, o verão tende a ser tão ou mais desafiador que a primavera para os agricultores brasileiros. Na estação passada, por exemplo, a distribuição irregular das chuvas reduziu o potencial produtivo da soja superprecoce entre setembro e outubro no Sudeste e no Centro-Oeste. “O verão será caracterizado por chuva abaixo da média e calor acima do normal na maior parte do Brasil. E, apesar de muito se falar do fenômeno La Niña, ele terá pouca influência nestas características, já que é fraco e deverá se dissipar completamente em breve. Os efeitos estão mais associados ao afastamento dos sistemas chuvosos típicos da estação”, explica. Em janeiro, primeiro mês completo do verão, a escassez de chuva pode, por um lado, ajudar na colheita de soja e na implantação da segunda safra de algodão no Centro-Oeste. Por outro, áreas com o grão ainda em desenvolvimento no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste devem sofrer com o calor intenso e a chuva mais irregular. Implantação da segunda safra de algodão pode ser favorecida por escassez de chuva no Centro-Oeste Pixabay O especialista da Tempo OK alerta ainda para impactos negativos em outras culturas, como café, laranja, milho, feijão e cana-de-açúcar. “Apenas na Região Sul a chuva acima da média será favorável ao desenvolvimento de milho e soja no Rio Grande do Sul e de soja no Paraná”. Para fevereiro, importantes regiões produtoras podem sofrer novamente com volumes de chuva abaixo da média, enquanto a faixa entre Paraná e São Paulo e Rondônia e Mato Grosso vão registrar volumes mais intensos. Em março, mês que marca a transição do verão para o outono, Celso Filho conta que a estiagem poderá se agravar ainda mais no Sul, Sudeste e Nordeste.