Comércio de grãos precisa acelerar digitalização, dizem representantes de tradings

Comércio de grãos precisa acelerar digitalização, dizem representantes de tradings

A comercialização de grãos precisa acelerar a digitalização para facilitar os processos, tanto de quem compra quanto de quem vende. A avaliação foi feita por especialistas das gigantes tradings de grãos Cargill, Amaggi e Louis Dreyfus Company durante o The New Agro, evento realizado pela Grão Direto, plataforma digital de comercialização de grãos, nesta terça-feira (21/10), em São Paulo. Leia também: Anec eleva estimativa de exportações de soja e milho em outubro La Niña pode causar invernada durante colheita da soja no Cerrado Para Ricardo Nascimbeni, vice-presidente de supply chain de agro e trading na América Latina da Cargill, o setor ainda usa pouca tecnologia, se comparado a outras áreas. Nascimbeni destaca que 3 mil caminhões da Cargill transportam grãos por dia no Brasil, o que só é possível acontecer com um robusto sistema tecnológico por trás nas negociações de compra e venda. “Não faz mais sentido parar em um posto de gasolina para fechar negócio”. Desde que assumiu a gerência da sua fazenda há seis anos, o produtor de grãos Virgínio França, do Grupo Agro França, conta que não há processos sem digitalização. Mas lembra que a comercialização de grãos sempre foi a pedra no sapato do seu pai. “Precisava ir pessoalmente ao armazém mais próximo, não tinha celular nem internet na fazenda. O preço da soja é dinâmico, então perdíamos tempo e principalmente bons negócios”. Para França, a comunicação entre tradings regionais e os produtores precisa ser rápida, o que só é possível com tecnologia e conectividade. “As empresas que não estiverem participando dessa comercialização digital vão perder muito negócio”. Vinícius Moreira, gerente de inovação e tecnologia comercial da Amaggi, ressalta os gargalos que fazem parte do processo. “A conectividade e a resistência cultural ainda são problemas, mas a segunda tende a mudar aos poucos à medida que percebem que as ferramentas comerciais não substituem as pessoas”. O executivo destaca também que as ferramentas digitais vêm para mudar a forma como as informações são disponibilizadas, e exemplifica: “É possível fazer análises de crédito mais robustas, mais transparência e agilidade nos negócios”. Gustavo Schueroff, gerente de originação da Louis Dreyfus Company, ressalta que, além de auxiliar a identificar as melhores janelas de preços para o produtor, a digitalização na comercialização de grãos também deve atuar em outras questões que afetam o agricultor, como a logística em um país de dimensões continentais. “Cada um dos 27 Estados tem um quadro de oferta diferente, o que traz competitividades distintas”.