Ex-executivo de varejo se torna produtor e exportador de limão

Ex-executivo de varejo se torna produtor e exportador de limão

O publicitário pernambucano Rogério da Silva Rafael teve uma carreira de sucesso trabalhando no varejo de alimentos. No entanto, a partir de 2020, a aposentadoria e a pandemia geraram uma transformação em sua vida: ele transformou-se em produtor de limão "em tempo integral". Quatro anos depois, o novo citricultor tornou-se exportador de limão para a Europa, graças à capacitação gratuita do projeto agroBr, mantido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Apex Brasil. Leia também Programa prevê capacitar 3 mil pequenos e médios produtores para exportar alimentos Paulistano migra para o Nordeste, abre agroindústria de coco e faz a primeira exportação Rogério conta que trabalhou no varejo alimentar por 35 anos em Natal (RN). No entanto, paralelamente, cuidava de um pequeno sítio que comprou há 28 anos em Vera Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, porque sempre gostou da roça, origem de seus pais. A propriedade tinha 700 pés de limão. Ele ampliou o pomar, criou a marca Natural Citrus e vendia a fruta principalmente para a empresa em que trabalhava. Quando assumiu a área comercial, não pôde mais comprar de si mesmo, direcionou as vendas da fruta para supermercados e praticamente abandonou o limão. A aposentadoria em 2020, planejada para descansar e viajar, foi seguida pela pandemia, que levou ele e a mulher a se isolarem no sítio porque não podiam ficar próximos das duas filhas médicas. Aí veio a virada: Rogério decidiu produzir limão em larga escala, renovou as 10 mil árvores que estavam produzindo há mais de 15 anos e ampliou a área de plantio para 22 mil plantas. Com o aumento da produção, foi buscar a “cereja do bolo”: a exportação. “Como executivo de varejo alimentar, eu tinha experiência em comprar produtos do exterior, mas nunca tinha exportado. O projeto agroBr veio como uma luva porque me qualificou e me colocou no mercado externo.” Rogério da Silva Rafael no pomar da Natural Citrus Divulgação Em maio de 2024, Rogério enviou os primeiros 18 contêineres para a Espanha e não parou mais. Até setembro, ele exportou frutas todas as semanas para a Espanha, aproveitando a demanda do verão europeu. Neste ano, além da Espanha, ampliou os embarques semanais para Inglaterra, Polônia e Holanda. "O suporte do projeto foi fundamental para o avanço do meu negócio. Ele consegue colocar o pequeno e médio produtor no patamar dos grandes exportadores brasileiros. Recebemos informação, aprendemos a tirar a certificação e participamos dos principais eventos e feiras do mundo", destaca. Segundo ele, o agroBR é um “divisor de águas” que precisa ser valorizado porque a equipe tem muita capacidade e vontade de ajudar o produtor, sentindo as dores e dando suporte total gratuitamente. "Com certeza, o dinheiro que é investido no projeto gera benefícios para toda a sociedade, com aumento de divisas e de empregos", comenta o citricultor. "O agroBR quer que o seu negócio dê certo. Não fazem o seu trabalho, mas pegam na sua mão, te orientam, te conduzem, fazem você se sentir confiante. A Amanda Lopes (consultora do agroBR no Rio Grande do Norte) é o meu anjo da guarda. Sem ela e a competência da equipe do projeto, eu não estaria onde estou", complementa. Saiba-mais taboola Atualmente, Rogério tem 42 mil plantas que produzem cerca de 2.600 toneladas por ano. O plano é dobrar o volume produzido em dois anos. Além da propriedade no Rio Grande do Norte, ele plantou 15 hectares em Cruz das Almas, na Bahia, e 18 hectares em Itajobi, em São Paulo, porque aprendeu na capacitação que o cliente europeu demanda fruta o ano todo. Segundo o produtor, o cenário do limão está mudando no Brasil. "O Nordeste nunca tinha plantado lima ácida. Hoje, o Rio Grande do Norte deve ter umas 150 mil plantas no total e a Bahia, por volta de 1,5 milhão de árvores, enquanto São Paulo tem 10 milhões, mas sua produção está pressionada e se reduzindo por problemas fitossanitários", destaca. Rogério diz que, atualmente, o mercado brasileiro está com preços altos, ou seja, é mais vantajoso vender a fruta no país, mas isso acontece apenas uns dois meses por ano. A Natura Citrus também compra limão de outros produtores e exporta de 40% a 50% da sua produção. As vendas externas já representam 70% do faturamento. Neste final de ano, o produtor está ampliando a venda no exterior. Ele viajou com a CNA para a Fruit Attraction em Madri no final de setembro e teve contato com muitos distribuidores, supermercados e empresas de lima ácida, além de participar de visitas técnicas na Espanha para conhecer toda a cadeia, do distribuidor ao consumidor final. Após a feira, ficou duas semanas na Europa prospectando novos clientes. O ex-executivo hoje trabalha dobrado, o que gera muitas reclamações da família, mas diz que está realizando seu sonho.