Filha de pecuarista aposta na exportação de morangos

Filha de pecuarista aposta na exportação de morangos

A gaúcha Alice Pasquali, filha de pecuarista, queria ser dentista, mas um intercâmbio na Austrália, onde trabalhou em uma fazenda de ovelhas, a colocou no caminho do agro, e o programa agroBR, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a capacitou para a exportação de produtos agrícolas. Leia também: Programa prevê capacitar 3 mil pequenos e médios produtores para exportar alimentos Paulistano migra para o Nordeste, abre agroindústria de coco e faz a primeira exportação “Iniciei o curso de odontologia com 19 anos, mas não gostei e decidi viajar. No trabalho na fazenda australiana, descobri que o que eu gostava mesmo estava em casa e aí mudei para o curso de agronomia.” Pensou em plantar alfaces, mas, alertada e patrocinada pelo pai, Alice iniciou em 2020 a produção de morangos na fazenda em Caxias do Sul, onde a família cria gado e ovinos. Ela plantou inicialmente 13 mil pés da fruta em estufas e foi aumentando ano a ano até chegar aos atuais 40 mil pés suspensos. Há dois anos, ela deu mais um passo na carreira de produtora rural ao assistir a uma palestra do agroBR em sua cidade sobre a exportação de frutas. “Foi uma revelação. Assim que terminou, fui falar com a palestrante Luana Krieger, consultora regional do programa. Ela gostou do meu negócio de frutas e me incentivou a fazer a capacitação para acessar o mercado externo.” Hoje com 29 anos, Alice diz que a ferramenta é muito útil para o produtor porque ensina todos os passos e desmistifica a crença de que exportar é só para grandes empresas ou grandes produtores. Ela aprendeu, inclusive, que não precisa fechar um contêiner inteiro porque pode se juntar a outros pequenos produtores para completar a carga. Produção conta hoje com 40 mil pés suspensos Divulgação Sua primeira exportação, curiosamente, não foi de morangos. Participando de uma feira a convite do agroBR no Uruguai, ela conversou com um importador local que queria polpa de tomate e resolveu agir. Viu que no grupo do programa tinha um produtor de polpa de tomate, entrou em contato e intermediou o embarque para o Uruguai. “Foram meses de negociação, mas vi que não é tão difícil. Eu consegui viabilizar a exportação de 15 toneladas de polpa no ano passado, ganhei pouco dinheiro no processo, mas foi um bom aprendizado. Agora estou me preparando para exportar meus morangos para a América do Sul.” A preparação inclui obter antes as certificações necessárias para a fruta in natura, que devem ajudar também no crescimento e organização da empresa no mercado interno, já que um produtor certificado oferece mais segurança para o comprador. Ela conta com a ajuda do programa para concluir a certificação. Atualmente, a empresa da jovem, que se chama Quintal da Alice, tem cinco funcionários, vende frutas para a região Sul, mas também envia para Mato Grosso, Bahia e norte do país. Além da produção anual de 100 toneladas de morango, Alice compra morangos de produtores vizinhos e também amoras, maracujás, framboesas e mirtilos congelados para agregar nas cargas.