Gorgonzola ou queijo azul? Entenda a troca de nomes nos supermercados

Gorgonzola ou queijo azul? Entenda a troca de nomes nos supermercados

O queijo azul vem ganhando espeço nas prateleiras dos empórios e supermercados brasileiros. O gorgonzola, aos poucos, sumindo. O movimento, no entanto, está mais ligado às regras para nomenclatura dos produtos do que preferências e demandas do mercado. Se você já ficou em dúvida sobre a diferença dos queijos na hora da compra, a Globo Rural explica. Leia também Brasil é premiado com dez medalhas de ouro na 'Copa do Mundo do Queijo' Queijo com formiga: conheça a iguaria brasileira que custa mais de R$ 200 o quilo Queijo feito na metrópole: conheça a primeira queijaria artesanal de São Paulo Em 2019, União Europeia e Mercosul assinaram um acordo para proteger a produção do gorgonzola original, reconhecendo como queijo gorgonzola apenas aqueles produzidos na região italiana de mesmo nome e com selo específico de indicação geográfica. A medida tem intenção de garantir a propriedade intelectual dos produtores dessa região e de preservar características e receitas tradicionais. Ambos são produzidos a partir da adição de fungos Penicillium roqueforti ao leite antes da coagulação, resultando em queijos com veios azul-esverdeados. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ), no Brasil, a medida não está oficialmente em vigor, pois falta a ação ser referendada no Congresso, mas os produtores e a indústria já estão se ajustando às mudanças. Marcas brasileiras que já tinham o produto gorgonzola registrado no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) com esse nome até 2017, continuam utilizando normalmente a nomenclatura. Novos queijos produzidos com essa tecnologia e características já passam a ser chamados de Queijo Azul. O Mapa fez ainda uma atualização no Regulamento Técnico de Identidades e Qualidade, já em vigor, que altera o prazo de maturação do gorgonzola para 50 dias (padrão europeu), enquanto em geral os queijos de mofo azul, no Brasil, são maturados em 35 dias. O tempo de maturação influencia na textura e sabor do queijo. “Desta forma, continuaremos convivendo, no mercado brasileiro, com queijos chamados gorgonzola e Queijo Azul”, destaca a ABIQ. Queijo CuestAzul da Pardinho Artesanal Divulgação A queijaria Pardinho Artesanal, que fica na Fazenda Sant’Anna, na cidade de Pardinho (SP), é uma das marcas que investe na produção artesanal de queijo azul, atenta à demanda dos brasileiros. À frente da queijaria e do desenvolvimento dos queijos da Pardinho, Vanessa Alcoléa conta que há duas opões na queijaria, uma para quem ainda está se familiarizando com os veios azuis nos queijos, e um com sabor mais acentuado. O CuestAzul tem mofo no interior bem tímido, enquanto o Azul da Pardinho tem um sabor mais intenso. A fazenda produz pouco mais de mil litros de leite por dia, fruto da ordenha de 74 vacas Girsey, cruzamento de Gir com Jersey. A Queijos Pomerode faz sucesso com o premiado Morro Azul, que conquistou a chancela de melhor queijo do mundo no Concurso Mundial de Queijo e de melhor queijo da América Latina, World Cheese Awards. A queijaria, cuja sede fica em Pomerode (SC), define o Morro Azul como um queijo de média intensidade de sabor, aroma marcante e muito cremoso. “Nos primeiros dias é bastante suave, ganhando maior intensidade de sabor e aroma após 30 dias da data de produção, quando notas aromáticas amanteigadas, mofadas e de cebola e alho são predominantes”, informa. Queijo Azul do Bosque, feito com leite de cabra Divulgação A queijaria Capril do Bosque, de Joanópolis (SP), produz queijo azul com leite de cabra, o Azul do Bosque. “Para criar esse queijo, inspirei-me no processo do queijo azul inglês Stilton, onde o escorrimento, a salga e a prensagem têm papel fundamental no resultado final. O mofo azul que cobre o queijo aparece também internamente em veios delicados”, define Heloisa Collins, idealizadora da queijaria e criadora dos produtos da casa.