Ministro Paulo Teixeira avalia desafios e perspectivas para a agricultura familiar

Em um balanço do último ano, durante o 2º Fórum de Agricultura Familiar, realizado pela Globo Rural, em Salvador, nesta sexta-feira, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, destacou o aumento do volume de crédito, o incentivo à mecanização e as dívidas agrícolas como os principais desafios da pasta em 2025. Leia também: Salvador receberá nova edição do Fórum de Agricultura Familiar “Nós conseguimos ultrapassar essas barreiras. Desde o início, nossa meta era fazer com que o crédito fosse subsidiado, e tivemos sucesso. Enquanto os juros estão em 15% no mercado, pelo Pronaf, algumas linhas estão em 2%, justamente para incentivar a produção de alimentos, a agroecologia e a mecanização. Sabemos que o crédito no Brasil tem um papel de superação da pobreza e da miséria, então elevamos o microcrédito de R$ 6 mil para R$ 50 mil. Dobramos no Norte e no Nordeste, aumentamos nas outras regiões, equalizando a divisão”, afirma. Quanto às dívidas dos agricultores, Teixeira citou o desempenho do Desenrola Rural, lançado em fevereiro, que já superou as 500 mil operações e beneficiou 282.264 agricultores e agricultoras familiares em todo o país. O programa, focado em agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais em situação de inadimplência, visa liquidar e renegociar dívidas a fim de voltar a acessar o crédito rural e investir na produção de alimentos para todo o Brasil. Ainda para este mês, a expectativa é lançar o Sistema Unificado de Assistência Técnica e Extensão Rural (Suater), que centralizará a gestão da política de assistência técnica no país e contará com o novo Fundo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Fundater). O ministro explica que o fundo, inspirado no modelo do SUS e com potencial de chegar a R$ 10 bilhões, reunirá recursos hoje dispersos em diversos ministérios e contará com contrapartidas de estados e municípios. Neste novo modelo, a Anater assumirá a operação do sistema por meio de contratos de gestão, enquanto um comitê formado por governo, setor produtivo e sociedade civil garantirá controle social e definição de prioridades. O objetivo central é universalizar o atendimento técnico, ampliando a cobertura hoje restrita a menos de 20% das propriedades rurais e fortalecendo especialmente a agricultura familiar. “Queremos reconstruir algo que deixou de existir em 1989, uma estrutura nacional forte de assistência técnica e extensão rural. Vamos ter a oportunidade de transferir todo o conhecimento da Embrapa diretamente aos agricultores brasileiros, com cursos, roteiros e conteúdos acessíveis para quem quiser se capacitar”, garante. Por fim, de olho em 2026, Paulo Teixeira enfatizou que o objetivo será ajustar ainda mais o crédito, aumentando o valor disponível e subsidiando ainda mais as condições de financiamento. “Não há mais razão para manutenção dos juros nesses patamares. Este é um debate que temos feito com o Ministério da Fazenda e com o Banco Central, que compactuam com essa visão”, garante Paulo Teixeira. Segundo ele, o foco do próximo ciclo será no fortalecimento dos mecanismos de agroecologia, com um maior acesso aos insumos necessários, a redução do uso de agrotóxicos e a promoção de florestas produtivas. O governo também se compromete a fortalecer os programas de compras públicas e retomar a reforma agrária com ainda mais força, assegurando o cumprimento de suas metas.

