World Horticulture Center planeja trazer modelo holandês ao Brasil

World Horticulture Center planeja trazer modelo holandês ao Brasil

Representantes do World Horticulture Center (WHC), ecossistema de inovação holandês com foco em olericultura (produção de hortaliças) e floricultura, estão no Brasil para discutir a criação de um hub no país, que incluiria laboratórios, áreas de demonstração, escritórios e espaço para eventos e feiras de tecnologia, cm o intuito de transformar a cidade sede do projeto em referência nacional dessas áreas. Leia também Fungos podem substituir carne no futuro? Cientistas acreditam que sim Aplicativo com inteligência artificial ajuda a combater verminose em ovinos Pesquisa identifica sabor e textura de pescados para uso no mercado plant-based Em conversa com a Globo Rural, a CEO do WHC, Puck van Holsteijn, disse que o objetivo, ao fim das visitas de duas semanas ao país, é fechar parcerias que viabilizem o início das atividades no país. “O Brasil tem desafios e oportunidades na mesma medida. Nossa proposta é trazer o know-how de um país que é referência mundial em olericultura e floricultura e adaptar a atuação às necessidades regionais”, afirma. “Com algo entre cinco e dez parceiros já podemos começar”, completa. Inspirado no modelo holandês de mesmo nome, o centro pretende ser um espaço de pesquisa aplicada, inovação tecnológica, formação profissional e conexão entre empresas e universidades, e considera a cidade de Holambra (SP) como potencial sede. O conceito original do World Horti Center surgiu na cidade de Naaldwijk, na Holanda. Hoje, é um ecossistema de colaboração entre mais de 100 empresas, instituições de ensino e centros de pesquisa voltados à horticultura de alta tecnologia. Trata-se, no entanto, de contratação de serviços do WHC. O risco de investimentos é assumido pelas empresas que optarem por fazer parte. “A construção da unidade, os custos operacionais e com pessoal vêm das instituições parceiras. Na Holanda, há bastante incentivo de projetos governamentais, como bolsas de pesquisa ou formação, por exemplo, o que pode ser pleiteado no Brasil”, explica Puck. A ideia tem sido discutida por representantes do setor, como o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort), cooperativas Cooperflora e Veiling Holambra, além de empresas como o laboratório de biotecnologia SBW e Koppert do Brasil, a Escola Superior de Agricultura (Esalq) e produtores. A embaixada da Holanda no Brasil ajudou a articular os contatos. Manoel Oliveira, diretor-executivo do Ibrahort, é favorável ao movimento. Segundo ele, o consumo brasileiro de frutas e hortaliças passa por mudanças, e os produtores precisam se adaptar. “A rotina do brasileiro mudou e a alimentação sofreu impacto direto. As pessoas buscam saúde, mas também optam por refeições rápidas. Por isso, precisamos de produtos que atendam a essas necessidades especificas”, diz. De acordo com o executivo, as frutas do café da manhã perderam espaço para shakes, enquanto almoços mais curtos demandam por saladas prontas, por exemplo. “Pesquisam apontam que os brasileiros estão entre os que mais querem melhorar os hábitos alimentares no mundo. Então é um nicho a ser explorado”. Puck van Holsteijn, do WHC: "Nossa proposta é trazer o know-how de um país que é referência mundial em olericultura e floricultura" Divulgação Elvis Fusco, superintendente da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia, de Pompeia (SP), acredita que a formação oferecidas pela entidade Fundação pode ser um braço do WHC. “Há uma necessidade de formação e capacitação no agro como um todo e na olericultura não é diferente. Temos cursos técnicos, Senai, Fatec, entre outros, e uma aproximação de novos talentos ao setor pode ser interessante. A proximidade ao mercado também é um atrativo”, diz. Eddy Afonso Sleutjes, presidente do conselho da Veiling Holambra, pensa de forma semelhante. Para ilustrar a importância do avanço em práticas de manejo via pesquisas e tecnologia, ele cita necessidades que já apareceram, frente às mudanças climáticas, por exemplo. “Temos dias mais quentes e regime de chuvas mais irregulares, além de adensamento de áreas produtivas cada vez maiores. Isso acarreta, por exemplo, na necessidade de sistemas de irrigação cada vez mais inteligentes e econômicos, além de reaproveitamento de água e desinfecção”, afirma. Saiba-mais taboola O executivo lembra os avanços do uso e desenvolvimento de biodefensivos, desenvolvimento de plantas mais acostumadas aos climas do Brasil, automação e melhorias logísticas nos processos, como esteiras, iluminação, gestão de temperatura. Avaliando os debates em andamento, chamados pelo WHC de Orange Dialogues, Andrés da Silva, da EACEA, responsável pela articulação dos encontros, conta que as expectativas estão altas para efetivação do projeto. No entanto, sem entrar em detalhes, ele afirma que há outras cidades sendo consideradas para a instalação do hub de inovação, além de Holambra. “Há outros pontos no estado de São Paulo que também estão sendo avaliados, embora Holambra se destaque. De qualquer maneira, a parceria com as empresas deve se consolidar independente do local escolhido dentro do estado”, diz.