3tentos aposta em variedade de canola australiana
 
                                
As dificuldades agronômicas eram, até recentemente, o principal obstáculo para o avanço da cultura da canola. Como as sementes são muito pequenas, havia o desafio do uso de maquinário de grão na cultura, ocorrendo muitas perdas. “A canola tinha muito problema de deiscência, ou seja, de debulha das vagens, ou síliquas, antes e durante a colheita, gerando queda das sementes, que ocorriam devido a ventos fortes ou pela própria passagem de maquinário na lavoura”, lembra o produtor Carlos Lamel, que planta canola desde 2009 em Espumoso (RS). Leia também Canola apresenta resultados promissores durante testes no Cerrado Canola avança como opção de renda e rotação de culturas no Sul do Brasil A situação começou a mudar com a chegada de novas variedades genéticas, que reduziram a queda de sementes. Uma delas, de origem australiana, foi trazida pela 3tentos para esta safra. Outro fator que ajudou os produtores foi a aplicação de adesionantes, produtos à base de látex que “seguram” as síliquas da planta e impedem sua abertura antes da colheita. “Com as novas variedades e novas técnicas, essa perda na colheita, que chegava a 5 sacas por hectare, já fica abaixo de 3 sacas”, comenta Lamel. “Conseguimos avançar na genética da cultura, no desenvolvimento de tecnologia para chegar a altas produtividades ,e houve um crescimento nas indústrias que utilizam o grão para fabricação de biocombustível”, explica Vantuir Scarantti, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola). Segundo Scarantti, a canola dá segurança financeira ao produtor. “Como as indústrias geralmente fomentam o plantio e já asseguram a compra, o agricultor pode travar o preço de antemão”. Essa condição é especialmente interessante aos produtores gaúchos, que se descapitalizaram nos últimos anos devido a problemas climáticos, tanto nas lavouras de verão quanto de inverno. “Se olharmos os últimos cinco anos, o produtor de canola nunca teve prejuízo no inverno. Ele pagou os custos e teve margem interessante. Isso faz toda a diferença”, destaca Vantuir. Quando começou a plantar em Espumoso, Lames destinava 10 hectares para a canola. Hoje, a cultura ocupa 100 hectares, metade de sua área de segunda safra. “Entre as culturas de inverno, a canola é a que oferece melhor rentabilidade. O trigo sofre muito problema climático, se chove perto da colheita perde qualidade e valor, e a canola não sofre interferência disso”, explica. “Desde que comecei a plantar, nunca me arrependi. Já tive grandes frustrações com o trigo, mas nunca perdi dinheiro com canola”, assegura o produtor. Motivado pelo fomento da 3tentos, o produtor Estevan Novatzky, de Butiá (RS) decidiu investir na canola pela primeira vez neste ano. “O preço da saca de 60 quilos da canola sempre foi em torno de 85% do preço da saca de soja. [Neste ano] a empresa ofereceu pagamento igual à soja, e uma cobertura de seguro de 19,5 sacas por hectare, que é uma produção que já dá lucro. O plantio ficou muito atrativo”, explica. Em sua propriedade, dos 1.100 hectares destinados para lavouras de inverno, 700 hectares foram ocupados com canola neste ano. Novatzky espera uma produtividade entre 25 sacas e 30 sacas por hectare, ao passo que seu custo de produção é de 15 sacas por hectare. “A lucratividade é atraente, ainda mais em comparação com o trigo”, explica. O incentivo a produtores como Lamel e Novatzky fazem com que as expectativas da cadeia sejam muito otimistas para o futuro próximo. O principal executivo da 3tentos, José Osório Dumoncel, acredita que, em cinco anos, o Rio Grande do Sul tem condições de alcançar uma área de 1 milhão de hectares de canola. “Acredito que temos muitas condições de aumentar o plantio de inverno com canola”, diz.
 


 
             
             
             
             
             
            