GPA acelera a transição para produtos mais éticos e sustentáveis

A atenção dos consumidores à origem dos alimentos deixou de ser pontual e passou a orientar decisões de compra em larga escala. Preço e sabor já não são os únicos critérios na hora de escolher um produto. Segundo dados do relatório Global State of Health & Wellness 2025, realizado pela NielsenIQ (NIQ) em 19 países, a compra consciente é caracterizada pela preocupação com a procedência e com impacto socioambiental dos alimentos. O estudo aponta que 70% das pessoas consideram importante ou muito importante que os produtos de origem animal sejam produzidos de forma ética, incluindo comércio justo, ausência de crueldade animal e melhores condições de criação. É nesse contexto que o Grupo Pão de Açúcar (GPA) intensifica sua estratégia e consolida uma posição de destaque no varejo alimentar. A companhia foi pioneira no Brasil ao assumir o compromisso público de transformar seu ecossistema de fornecimento de ovos e migrar para sistemas livres de gaiolas, ainda em 2017. Oito anos depois, essa decisão se materializa em resultados concretos: em 2025, o grupo alcançou 100% das vendas de ovos provenientes desse modelo em todas as marcas próprias e exclusivas (o que era 9% no início do plano de transição). Por trás desse avanço está uma estratégia bem desenhada, que combina engajamento com fornecedores, articulação com diferentes atores da cadeia de valor, ações de conscientização do consumidor e padronização do abastecimento nas lojas. “A transição dos ovos faz parte de uma agenda maior de bem-estar animal nas cadeias de produção de proteínas animais, integrada à promoção de cadeias de valor mais sustentáveis que, por sua vez, se conecta à estratégia de sustentabilidade do GPA”, explica Erika Petri, diretora executiva de Sustentabilidade, RH, Comunicação e Marketing do grupo. Transparência e cooperação Desde que assumiu esse compromisso, a organização estruturou um conjunto de ações, internas e externas, de engajamento e colaboração. “Em 2018, fomos pioneiros ao lançar o primeiro ovo de marca própria, pela Taeq, proveniente do sistema livre de gaiola no varejo brasileiro, o que exigiu desenvolver e preparar os fornecedores para esse modelo de produção”, diz Joaquim Sousa, diretor executivo Comercial. A iniciativa demandou um esforço coordenado para capacitar e ampliar o entendimento técnico sobre o tema, tanto interno quanto externo, e garantir que 100% de suas lojas ofertassem esse tipo de produto aos consumidores. “Também estabelecemos parcerias com ONGs que atuam no tema e com especialistas da academia para apoiar na definição das normas e outros parâmetros técnicos essenciais”, comenta Joaquim. Todo esse processo foi acompanhado e sistematizado por meio do Programa Qualidade desde a Origem (QDO), lançado há mais de 15 anos, que monitora informações técnicas, dados de rastreabilidade, desempenho em auditorias e resultados de exames laboratoriais dos fornecedores. O programa inclui um painel específico que acompanha a origem, define o estágio de cada parceiro em relação às diretrizes da política corporativa e orienta a elaboração de planos de ação para alcançar os padrões exigidos. “Esse monitoramento nos apoia na relação com os fornecedores, identificando os mais alinhados aos nossos compromissos, e também orienta e fortalece a relação comercial”, afirma o executivo. No relacionamento com o consumidor, a empresa investiu em comunicação dentro das lojas e em suas redes sociais, explicando as diferenças entre os sistemas de produção — convencional, livre de gaiolas, caipira e orgânico — para apoiar escolhas mais conscientes e sensibilizar o cliente no tema. E no e-commerce, incorporou um selo que identifica itens alinhados às diretrizes de bem-estar animal, facilitando a identificação. A empresa reforçou a comunicação nas lojas para orientar o consumidor sobre os sistemas de produção e apoiar escolhas mais conscientes Divulgação Em 2025, para garantir o cumprimento da meta, colocou em prática um plano de transição específico para os fornecedores de marcas próprias, substituindo ovos convencionais por produtos que atendessem aos critérios de bem-estar animal. O processo incluiu a homologação de novas granjas, auditorias presenciais e acompanhamento do escoamento das embalagens. “Todo esse processo, que contou com diversas áreas da companhia, permitiram que os itens que não atendiam ao compromisso fossem inativados no sistema de compras antes da finalização do ano”, afirma Joaquim. Trabalho de ponta a ponta O compromisso com ovos é apenas um dos pilares da Política de Bem-estar Animal do GPA, que reúne critérios e diretrizes também para as cadeias de frangos, suínos e bovinos. O conjunto de metas prevê que, até 2028, toda carne suína comercializada nas lojas Pão de Açúcar e Extra Mercado seja proveniente de empresas que adotem práticas de bem-estar animal. Já para os frangos de corte, estabeleceu que toda a linha de marcas próprias e exclusivas atendam integralmente às diretrizes até 2028. Para a carne bovina, a meta definida para 2025 foi antecipada, e a companhia atingiu 100% dos fornecedores publicamente comprometidos com políticas de bem-estar animal na cadeia produtiva em 2024. O avanço do varejo em bem-estar animal depende de cooperação ampla. “É um trabalho multidisciplinar, dentro e fora das empresas. Acreditamos que o processo deve ser conduzido com o engajamento ativo de fornecedores, sociedade civil, produtores, competidores, governos e clientes”, afirma Erika. Para a executiva, políticas públicas claras e compromissos setoriais com prazos definidos de transição na oferta de ovos livres de gaiolas são fundamentais para estimular o investimento em modelos mais éticos e sustentáveis.

