Projeto sobre seguro rural que propõe destravar Fundo de Catástrofe está parado desde 2024

Projeto sobre seguro rural que propõe destravar Fundo de Catástrofe está parado desde 2024

Há, no Congresso Nacional, um projeto de lei que prevê instrumentos para reduzir a dependência que o seguro rural tem da subvenção das apólices. No entanto, a proposta está parada no Senado — e ainda terá que percorrer um longo caminho para virar lei. O projeto de lei 2.951/2024 abre caminho para a implementação do Fundo de Catástrofe, um instrumento criado em 2010 e ainda inativo. O texto prevê meios para viabilizar o aporte de recursos públicos de até R$ 4 bilhões, que dariam o pontapé inicial ao fundo. O fundo será privado, e a participação, obrigatória para seguradoras e resseguradoras que quiserem ter acesso ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural. A previsão é que elas contribuam com um percentual cobrado sobre as apólices subsidiadas. A autora do projeto é a senadora Tereza Cristina (PP-MS), também confirmada no evento Agro Horizonte, em Brasília. A ideia é que o fundo seja uma espécie de baliza de uma rede de proteção ao produtor e ajude a estabilizar a oferta de seguro rural. O projeto de lei propõe ainda tornar a subvenção ao seguro rural uma despesa obrigatória e autoriza o Conselho Monetário Nacional (CMN) a estabelecer regras para vincular a contratação do seguro rural às operações de crédito rural. A obrigatoriedade pode ampliar a base de contratantes e pulverizar o risco das seguradoras. O texto enfrenta resistências da equipe econômica. No momento, existe a previsão de que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado vote o projeto nesta semana. Se a proposta for aprovada e não houver recursos para que ele passe pelo crivo do plenário, o texto seguirá para a Câmara dos Deputados. Problemas climáticos “Para sobreviver a uma sinistralidade elevada, é preciso ter um Fundo de Catástrofe para suavizar os picos do clima. Pela proposta, as seguradoras acumulariam um percentual dos prêmios e da subvenção no fundo, o que garantiria um preço de seguro mais responsivo”, afirma Dyogo Oliveira, presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Para tentar melhorar a precificação de risco, a entidade vai lançar dois produtos nos próximos meses. Um deles será um sistema de dados climáticos, que vai compilar informações sobre clima, área de plantio e culturas. A CNseg vai apresentar o mecanismo durante a COP30, em Belém. A entidade vai lançar ainda um painel estatístico com dados do Ministério da Agricultura, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Em outra frente, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defende criação de um novo modelo para o seguro rural ainda neste ano, com ênfase no seguro paramétrico, que usa índices verificáveis para apurar perdas. Os planos também não se concretizaram.