Agronegócio e turismo sustentam voos em aeroportos do Centro-Oeste


O embarque e desembarque de passageiros de voos domésticos em aeroportos do Centro-Oeste aumentou 7,09% nos primeiros oito meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O crescimento, abaixo da média nacional (8,23% no período), foi sustentado pelo turismo e pelo dinamismo do agronegócio em cidades do interior, segundo o Ministério dos Portos e Aeroportos (MPor). “O agronegócio, grande motor econômico regional, depende cada vez mais da conectividade aérea para reuniões, eventos e logística de negócios”, informou o órgão. “O turismo de lazer também ganhou força, com destinos como Pantanal.” Em Sorriso (MT) e Bonito (MS), cidades-polo dessas duas atividades econômicas, as chegadas e partidas aumentaram 13,41% e 11,56%, respectivamente, no período de janeiro a agosto de 2025 sobre um ano antes. Movimentação em aeroportos do Centro-Oeste Arte Valor O aeroporto de Corumbá (MS), município conhecido como a capital do Pantanal, foi o que mais aumentou seu número de passageiros em 2025 - incremento de 45%. Tamanha mudança fez com que a Aena, empresa que administra o local desde 2023, iniciasse obras para atender ao novo padrão de demanda. Os projetos incluem melhorias na pista, mudança no pátio de aeronaves e a ampliação do terminal de passageiros visando dobrar a capacidade de atendimento, hoje em cerca de 50 mil passageiros ao ano. Incremento também acima da média ocorreu no aeroporto de Sinop (MT), polo agropecuário. Lá, a movimentação de passageiros subiu 14,7% e atingiu patamares recordes, justificando investimentos. O aeroporto ganhou um novo terminal de passageiros no ano passado, construído do zero. A obra foi realizada pela Centro-Oeste Airports (COA), concessionária do grupo Socicam que assumiu o local em 2019. Neste ano, o aeroporto foi eleito o melhor regional das regiões Centro-Oeste e Norte no Prêmio Aviação + Brasil 2025. Ao mesmo tempo, o trânsito de passageiros caiu 6,09% no aeroporto de Várzea Grande (MT), que atende Cuiabá. A queda tem a ver com o cancelamento de rotas da Azul e com, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, a reposição de aeronaves. “Empresas que antes utilizavam Cuiabá como hub regional para voos oriundos de Mato Grosso e Rondônia passaram a ofertar ligações diretas para hubs nacionais, priorizando conexões mais rápidas e sem escalas intermediárias”, informou a pasta. Reforça ainda um contraste: enquanto novos mercados se abrem, rotas antes consolidadas perdem relevância. A COA, que também administra esse aeroporto, entregou em agosto uma requalificação do terminal, com aumento da capacidade de atendimento a passageiros. Mesmo assim, um mês antes, em julho, a Azul suspendeu voos que ligavam a capital mato-grosssense a outras seis cidades. Movimentação leva investimentos a cidades como Sorriso (MT) e Corumbá (MS) A decisão fez Mato Grosso cancelar incentivos fiscais à empresa que faziam parte de um programa criado em 2016, mas que agora foi modificado para sancionar a companhia aérea, que está em recuperação judicial desde maio. Procurada sobre a suspensão de rotas, a Azul não respondeu. Já a Gol informou que aumentou em 10% os assentos nos voos do Centro-Oeste. Para a alta temporada, de dezembro a fevereiro, planeja aumentar a oferta de passagens em 18%. "A companhia ampliou sua oferta nos corredores vitais para agricultura, pecuária e exportação - que têm os três Estados da região como referência do setor - em 19% no segundo semestre de 2025 comparado ao mesmo período no ano anterior", destacou. A Latam também aumentou, em mais de 10%, seu número de lugares disponíveis nos voos que servem a região. Ainda em 2025, anunciou três novas rotas para atender o Centro-Oeste - uma delas ligando Guarulhos (SP) a Bonito, centro de ecoturismo, e outra de Guarulhos a Dourados (MS), outro polo agropecuário cujo aeroporto não recebia um avião comercial desde 2021, quando havia fechado para obras. Apesar do movimento de interiorização, o aeroporto mais relevante do Centro-Oeste segue sendo o de Brasília. Nos oito meses de 2025, passaram por ele 9,9 milhões de passageiros domésticos, 8,51% a mais do que no mesmo período de 2024 e 63% de todo o contingente de viajantes da região. O de Goiânia, o segundo mais movimentado, recebeu 16% dos passageiros nessa mesma métrica. O aeroporto de Várzea Grande ainda é o terceiro com maior movimentação no Centro-Oeste. A participação no total de viajantes domésticos da região, porém, caiu de 11,83% no ano passado para 10,57% em 2025 após a saída da Azul. A COA declarou que mantém diálogo com companhias aéreas, entidades do turismo e poder público, “reforçando a capacidade dos empreendimentos para sustentar a expansão da malha aérea” no aeroporto.