Aviação executiva reposiciona frota para atender demanda de produtores rurais

Aviação executiva reposiciona frota para atender demanda de produtores rurais

Empresas de aviação executiva estão posicionando a frota para atender à demanda de voos privados do Centro-Oeste. Segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal compõem o segundo maior mercado desse tipo de aviação no país, atrás só do Sudeste. São ainda os Estados em que a frequência desse tipo de voo mais cresce. "Um avião privado é uma ferramenta de trabalho no Centro-Oeste", diz Flávio Pires, diretor-geral da associação. "Há clientes com alta capacidade financeira que precisam de mobilidade, mas que estão em lugares de baixa densidade populacional, onde a aviação comercial simplesmente não chega". Pensando nesse público, a Líder Aviação levou para o Aeródromo Liberty, em Goianápolis (GO), um jato HondaJet com capacidade para cinco passageiros em voos de até quatro horas. A empresa já tem um hangar em Brasília. Mesmo assim, decidiu ampliar sua presença na região. "O Centro-Oeste é estratégico, principalmente pela força do agronegócio, setor que demanda eficiência logística e deslocamentos rápidos", diz Bruna Assumpção, diretora superintendente de aviação executiva da Líder. A Synerjet, outra companhia do segmento, também viu no agro uma justificativa para a construção de um centro de serviços no mesmo Aeródromo Liberty. Inaugurado em 2023, foi o segundo espaço do tipo mantido pela empresa no Brasil. O primeiro fica no Aeroporto Catarina, em São Roque (SP). "Muitos de nossos clientes estão no Centro-Oeste", conta Adalberto Febeliano, vice-presidente da Synerjet. "São grandes fazendeiros, mas também executivos de fabricantes de máquinas, fertilizantes e bancos, que não têm tempo para viajar seis horas de carro de Cuiabá ao interior de Mato Grosso para uma reunião, por exemplo." Já a Solojet inaugurou em fevereiro um hangar em Luís Eduardo Magalhães (BA), no Matopiba, região na confluência do Maranhão com Bahia, Tocantins e Piauí. A ideia também é aproximar-se do Centro-Oeste. "O crescimento da aviação tem grande correlação com o da atividade econômica", acrescenta Pires, da Abag. "Com o crescimento do agro no Centro-Oeste, todas as empresas querem aumentar seu posicionamento por lá." Segundo a entidade, em 2023, cerca de 20% das aeronaves que entraram em operação no território nacional estavam registradas na região. Em 2024, o percentual subiu para 25% e, neste ano, até setembro, chegou a 26%. A região tem ainda 44% de todos os aeródromos do Brasil. De acordo com o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), o Centro-Oeste já tem dois dos dez aeroportos brasileiros com maior movimentação de aeronaves da aviação geral, que não inclui as rotas comerciais: Brasília, o quinto, e Goiânia, o sétimo. O Sudeste tem outros seis aeroportos do ranking. Sul e Nordeste, regiões com maior população e participação no PIB que o Centro-Oeste, têm um aeroporto cada nessa lista. Já o Norte, região com as maiores distâncias entre municípios, não tem nenhum. Considerando a importância da aviação executiva no Centro-Oeste, a Inframerica reformou e modernizou o terminal exclusivo para passageiros executivos do Aeroporto de Brasília, sob sua administração, em 2023. O espaço ganhou nova recepção, salas de espera e reunião, raio-x, conveniências e um espaço dedicado para órgãos públicos. Já o Aeroporto de Goiânia, gerido pela Motiva Aeroportos, conta hoje com 22 hangares dedicados à aviação geral, que inclui a executiva. Entre as empresas que operam no local estão Sete Táxi Aéreo, Voar, Goiás Aviação e Quick. A estatal Infraero assumiu no final do ano passado a administração dos aeroportos de Luziânia e Anápolis, em Goiás, e está realizando melhorias nos espaços. Atualmente, os terminais não recebem voos comerciais, sendo atendidos somente pela aviação geral.